O Beco

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sexta-feira, 25 de março de 2011

COMO SE DECIDE A SUA ABORDAGEM?

Eu tenho me sentido muito confuso nestes últimos meses...
Esta confusão acontece comigo desde que entrei em contato com a terapia cognitiva... É lógico que já havia estudado a área na faculdade, porém nunca havia dado o devido valor à matéria.
Há alguns meses atrás recebi em meu consultório dois pacientes com casos de depressão e tentativas de suicídio... Estudei bastante dentro da gestalt e logoterapia sobre o tema, no entanto pouca coisa havia sobre o tema (especificamente), então tive que "apelar" para a cognitiva, não podia (pelo menos é o que penso) deixar aqueles pacientes atentarem contra a própria vida, e o resultado me surpreendeu.
Eu vejo que a terapia cognitiva é muito positiva em se tratando temas que envolvam depressão, e ansiedade. A Logoterapia em si é uma mescla de teoria existencial com técnicas cognitivas, por sinal a primeira terapia cognitiva, quando se trata do tema de pensamento. Com certeza não se obtém muitos resultados para pacientes com angústias imotivadas, ou pacientes que não só querem fazer terapia para se conhecer. A TC é uma terapia para problemas específicos, com soluções específicas, e que ao contrário do que se diz, não traz resultados superficiais, os resultados são verdadeiramente duradouros...
Por toda minha experiência, que é parca, posso dizer que a TC não é boa para tudo, assim como a Existencial não é boa para tudo, então, priorizem o qual o seu objeto de trabalho, se é a existência humana em si ou estados de crise específicos e foquem na saúde do paciente, com certeza nenhuma abordagem é boa em tudo...
Abraços!!!

10 comentários:

  1. olá! Estou graduando em Psicologia e me interesso na abordagem existencial-humanista. Achei interessante as suas palavras sobre seu caminho na escolha e na abordagem dos seus "pacientes" a partir da terapia cognitiva. Acredito e isso parece ser um fato, que quando estamos em harmonia com nossos estudos(teoria-formação) e terapia pessoal, somos mais capazes de ajudar o outro. Só fiquei um pouco confuso quando diz de "não é boa pra tudo". Cada modo de abordagem do sujeito tem suas particularidades e se "não é boa em tudo", existe seu lado ruim. Dependerá de concepções e resultados. E isso é um juízo de valor muito complexo. Também estou confuso, pois ainda não decidi. Mas, estou no 5º período e acredito que terei uma boa formação até o final. Abração!

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  2. Sim, entendo o que você quer dizer... Porém estaé mais uma concepção poética (a de que a abordagem escolhida poderia abarcar todo o indivíduo) do que científica. Quando digo isto é baseado nos pontos fracos e fortes de cada abordagem. Imagine em seu consultório um paciente depressivo apresentando insistentes ataques à própria vida. Você tem pouco tempo e talvez pouca possibilidade de ajudar o indivíduo através da fenomenologia existencial a ver o que está fazendo. Acredito que a abordagem neste ponto deva ser mais específica e diretiva. Assim como acredito que o indivíduo nunca entenderá os motivos pelos quais realizou tais atos na cognitiva, mas o poderia fazer na existencial. Então eu acredito que cada abordagem tem sua especificidade não sendo nenhuma boa em tudo!
    abraço!

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  3. Concordo com sua visão, nenhuma abordagem consegue compreender todo o individuo. Podemos observar isso, por meio da quantidade de teorias psicologicas que existem. Penso que você pode ser um terapeuta humanista e se utilizar de tecnias cognitivas, pois antes de escolhermos uma abordagem, escolhemos ser psicologos, que buscam ajudar ajudar o ser humano. Podemos usar outra tecnicas, fora de nossas teorias, apenas precisamos manter firme nossa visão de mundo e de homem.
    Abraço
    Raffael - Academico do ultimo ano de Psicologia em Campo Grande-MS e estou realizando meu estagio em clinica na abordagem gestaltica.

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  4. Entendo perfeitamente o que você disse e concordo com tudo....
    Acredito que houve um conflito de informações....
    Acho esta ideia fantástica, quando as pessoas conseguem utilizar uma base teórica e se utilizar de técnicas de diferentes abordagens ele será um excelente terapeuta...
    Esta aínda não é a minha realidade, não tenho base suficiente nem em existencial nem em cognitiva para fazer esta transição com segurança. Em uma pesquisa realizada na Inglaterra pode-se prever que um bom terapeuta cognitivo necessita de 4 anos de treinamento para ficar completo, e eu estou ainda no início. É claro que o tempo é relativo ao empenho e capacidade do indivíduo, mas eu espero estar mais seguro de uma e de outra abordagem para realizar a transição...

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  5. olá! mais uma vez, quando você me disse: "Sim, entendo o que você quer dizer... Porém esta é mais uma concepção poética (a de que a abordagem escolhida poderia abarcar todo o indivíduo) do que científica." Eu não disse a abordagem consiga "abarcar" todo o indivíduo. Primeiramente, porque não há como, pois cada sujeito é diferente de si. Enquanto ao paciente depressivo, apresentando insistentes ataques à própria vida, é complicado. O que você quer dizer quando diz: Você tem pouco tempo e talvez pouca possibilidade de ajudar o indivíduo através da fenomenologia existencial a ver o que está fazendo"? Por que teria pouco tempo e pouca possibilidade? Não entendi e me parece um pouco precipitada a sua declaração. Agora, falando sobre "ser boa ou não em tudo" é algo que percebi que tenho uma concepção diferente. Até agora, a partir de estudos, entendi que nenhuma é melhor ou pior que outra. São apenas diferentes. Valeu!

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  6. Está bem claro que temos concepções diferentes, e é isto que torna a psicologia rica. Cada um vê o homem de uma forma e teoriza sobre ele de determinada forma. Esta maneira de entender o homem e o mundo fará com que ele escolha a abordagem que melhor se adapta a ele e a seus pacientes.
    Quando você diz isto: "Cada modo de abordagem do sujeito tem suas particularidades e se "não é boa em tudo", existe seu lado ruim." Eu só pude enteder que você acredita que a teoria que você segue quando em consonância com trabalho pessoal e atitude podem gerar um tipo de atendimento que daria conta de abarcar todo o sujeito.
    Para mim continua sendo claro que cada abordagem possui suas limitações e que cada abordagem possui suas facilidades, ou seja, cada abordagem se dá melhor com um tipo de problema. Mas isto é de concepção, eu me baseio nos estudos científicos realizados (não no Brasil) comprovando que a comportamental é a melhor abordagem em sindrome do pânico, e que a cognitiva é a melhor abordagem em depressão. Eles estudaram qual terapia leva os sintomas a regredirem mais rápido e que deixavam a pessoa estável por mais tempo. Estas pesquisas são muito comuns no EUA, já que o governo se prontifica a selecionar o tipo de profissional que acredita ser mais eficaz. Em meados dos anos 50, Carl Rogers realizou pesquisa semelhante, que apontava a ACP como abordagem mais eficaz.
    Bom, é nisso que eu me baseei para dizer que a terapia Existencial, por não ser diretiva, não seria a mais acertada para lidar com o indivíduo em estado de depressão grave (isto é uma opinião, e não um dado científico). Também utilizei a minha experiência, que talvez não sirva muito como base, já que a minha atuação pode não ter sido tão competente assim. Outro fato é o de que (pelo menos até onde eu sei) a terapia Existencial não é diretiva e se o individuo tem ideações suicidas o terapeuta não adotará uma açâo diretiva para alterar o fluxo de pensamento do individuo, ele tenderá a tentar levar o individuo a um estilo de vida mais autêntico.
    É claro que tudo que eu digo aqui é baseado no que aprendi em faculdade, em livros e na minha parca experiência. Acho essa discussão enriquecedora pois percebo que você teve outras experiências e outros aprendizados...
    E finalizando, para mim é impossível acreditar que nenhuma em melhor ou pior em nada, acredito que simplesmente pelo fato de serem diferentes cada uma dará mais foco para uma coisa, o que fará com que se especialize naquilo e por conseqüência seja melhor do que outra naquilo. POr exemplo: se alguém quiser ser mais autêntico eu com certeza indicaria um existencialista!
    Valeu pelo debate... Abraço Jones...

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  7. Meu caro,
    Essa sua angustia é nossa, agora na prática vejo o humanismo sem publicações e pesquisas teóricas suficientes para trabalhar certas situações e transtornos que hj são cotidianos no consultório, enquanto outras abordagens como a psicanalise e o cognitivo-comportamental possuem um material farto, qual não foi minha surpresa ao comprar o livro “psicoterapias abordagens atuais” e perceber capítulos e mais capítulos do tratamento de transtornos na pespectiva cognitivo comportamental, de procurar especialização em neuropsicologia e ver ela ligada apenas ao comportamentalismo e cognitivismo, e agora? Será que esse é o caminho?
    Pra mim a psicologia precisa ter resolutividade, se não ela só irá servir pros meus discursos ébrios.(rs)

    Nos bons dias vejo que nessa historia toda existe um lado bom e outro ruim,

    o lado ruim é que:nós vamos ter que fazer nossa própria psicologia, fundamentada é claro!


    E o lado bom é que: nós vamos ter que fazer nossa própria psicologia, fundamentada é claro!


    Abraço!rsrs

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  8. Lizandra, concordo plenamente com o que você disse e me felicito em saber que outros psicólogos compartilham da mesma angústia....

    E vamos lá: "nós vamos ter que fazer nossa própria psicologia, fundamentada é claro!"

    Vamos fazer psicologia pessoal!!!!

    Abraços!

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  9. É excelente que você busque por procedimentos melhores. A TC é um modelo útil para diversos transtornos. Eu mesmo uso bastante a técnica de "questionamento Socrático" no intuito de aumentar a probabilidade de que meus clientes descrevam as relações funcionais de seus próprios comportamentos (autoregras), reforçando assim seus repertórios comportamentos denominados culturalmente de "autoconhecimento". Atualmente muitos autores das terapias cognitivas as associam a procedimentos comportamentais (TCCs) no intuito de preencherem o que seria uma lacuna interventiva para diversos transtornos e sintomas.

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  10. amo seu blog cara! Fantástico suas questões colocadas para discussão aqui!Estava me sentindo em total desespero, por não sentir resolutividade na psicologia; mas talvez, precisemos mesmo é mesclar abordagens, desde que não sejam entrem em conflito.O problema é quantas serão necessárias até o fim de nossa existência; duzentas, quatrocentas?Só Deus sabe

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