O Beco

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Evangelizando psicólogos?

A prática da psicologia no Brasil (e digo isso por só conhecer aqui) é meio que religiosa em todas as áreas. Todos que praticam uma determinada área (psicanálise, humanistas, gestalt, cognitiva e outras) praticam a sua teoria como máxima do universo e tentam evangelizar os outros. 
QUASE todos os meus professores de graduação e pós-graduação, todos os meus colegas de profissão tentam evangelizar e provar porque a sua teoria é superior às outras. O exemplo geral dado de uma boa teoria é sempre em detrimento de outra.

Vejo que este exemplo pode ser estendido a outros países, pois com acesso a internet posso participar das mesmas discussões (mas como já disse, só posso supor). Porém, vejo uma cultura americana de desenvolvimento psicoterápico com foco no paciente (cliente). Muitos terapeutas procuram desenvolver suas teorias, modificá-las e atualizá-las com base no resultado e feedback obtido pelos pacientes. Quando Jeffrey Young testou a terapia cognitiva em pacientes boderline e percebeu que não obteve resultados ele modificou a estrutura da terapia e adicionou conceitos gestálticos a esta. Quando descobriu que a comportamental não dava conta de paciente que não fossem ansiosos ele a alterou também. Então, ele não fez apenas alguma mudança teórica em sua terapia, ele mudou da água para o vinho de acordo com os resultados obtidos pelo paciente. Não foi fiel a sua teoria e tentou modificar ou criar termos (resistência) para justificar as falhas, ele procurou ser fiel ao paciente e utilizou todos os recursos disponíveis para ajudá-lo.
Acredito que hoje, Young seja um grande exemplo para a nossa comunidade científica, já que seus padrões de atendimento podem ser constantemente alterados. Não se preocupando em divulgar, difundir e elevar (evangelizar) sua teoria ele se preocupa em desenvolver o paciente ao máximo e consegue ser o mais fiel possível à ciência e ao conceito de saúde.
Também noto que pouco se utiliza das teorias antigas em países de primeiro mundo. Quero dizer que pouco se utiliza de Freud, Lacan, Jung, Skinner, e outros, pois lá é valorizado o desenvolvimento de novas teorias e não a defesa de antigas teorias. Grandes professores são conhecidos por suas novas teorias. 
Não lhe causa estranhamento saber que grande parte da história da psicologia se desenvolveu na Europe e Estados Unidos? Por que no Brasil não temos nenhum grande teórico (excetuando Roberto Freire, o qual não recebe o devido valor). O Brasil sustenta uma cultura (na psicologia) rígida e ditatorial, na qual qualquer mudança e desenvolvimento é logo rechaçado. Acredito que muito poderia ter surgido no Brasil, já que dispomos do mesmo material que qualquer psicólogo para desenvolver a psicologia, a mente humana, porém,  somos constantemente recalcados por nossos colegas e professores (pelo menos pela maioria, na minha vivência) que somente estimulam a criação de novos termos para antigas teorias e a defesa das mesmas.
Deixo aqui o meu protesto contra a EVANGELIZAÇÃO na psicologia e faço um apelo para que todos tentemos desenvolver a psicologia sendo fieis aos pacientes, tentando sempre ajudá-los e não tentando defender teorias e ajudar teóricos.
NÃO LEVANTEM A BANDEIRA DE SUA TEORIA E SIM A DA PSICOLOGIA!!!!

9 comentários:

  1. Ótimo post, é isso aí.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá, adorei o post, muito obrigada pela visita :D
    Adorei seu blog. bjos

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  4. Realmente perdemos mto tempo com uma briga pessoal, ao invez de fortalecer e discutir novos rumos para nossa profissão!

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  5. Os meus professores são um reflexo dessa evangelização. Em sua maioria tentam mostrar q a sua abordagem é a melhor. O que, ao meu ver, deveria ser instigado nos estudantes é a abertura a as diversas fontes de conhecimento tórico q temos dentro da psicologia.

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  6. Concordo com tudo que disse.

    Porém, a evangelização se aplica mais a chamar adeptos a uma filosofia da qual você acredita ser correta e aplicável. E digo isso na condição de ateu.

    Então eu trocaria o termo "evangelização" por "dogmatismo", que é o fundamentalismo das idéias... o famoso "É ASSIM QUE É".

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  7. Entendi...

    Os meus professores pelo menos tentaram me evangelizar, tentaram me chamar para a sua filosofia (que acreditam ser a ÚNICA) correta!!!

    Mas concordo com o termo Dogmatismo!!!

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  8. Olá. Sua asserção é compreensível e concordo sobretudo na melhora dos procedimentos psicoterápicos. Também é preciso cautela com o que você chamou de evangelização. O argumento deve ser baseado em critérios predominantemente experimentais no meu entender, pois ter lógica é insuficiente, uma vez que uma teoria pode ser logicamente coerente e ainda assim não fazer uso do método científico (como muitas escolas da psicologia). Entretanto, as bases epistemológicas das diferentes orientações teóricas da psicologia devem ser respeitadas. Você afirmou que alguns teóricos são ultrapassados. Alguns deles talvez, sobretudo aqueles que não fizeram uso do método científico. Entretanto, estudo Análise do Comportamento, campo desenvolvido por B.F. Skinner, considerado por muitos autores como uma ciência natural e que não só não reduz o comportamento humano como muitos dizem, mas atualmente é dedicado ao entendimento de problemas sociais variados e que propõe soluções viáveis. Dentro dessa área novos teóricos buscam entender a efetividade de alguns modelos terapêuticos e compreendê-los À luz de suas teorias. Kohlenberg e Tsai, por exemplo, tem um modelo de tratamento analitico-comportamental focado no estabelecimento de um melhor relacionamento terapeuta-paciente, no intuito de superar o déficit da área que antigamente se preocupada com técnicas para problemas mais focais. Esse tipo de estudo torna o modelo de entendimento do comportamento mais completo sem no entanto precisar perder suas características epistemológicas.

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  9. Muito legal, conheço poucas pessoas que estudam analise do comportamento... é interessante sim...
    Gostaria de aprofundar este estudo... Skinner eu já estudei, muito embora não tenha me aprofundado tanto... Aceito sugestões de bibliografias!

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